Ana era uma dona de casa muito
dedicada, sentia-se conformada com as
atividades rotineiras da casa e da família. Ela aceitava a vida de adulto que
levava .No período da tarde saia para
fazer comprar ou consertar algum objetivo. Num desses dias, saiu para fazer
compras e ao retornar para casa pegou um
bonde (meio de transporte da época).Durante a viagem viu um cego parado
no ponto, mascando chicletes normalmente.
Aquela paisagem começou a levar
Ana a uma reflexão interior , pensando no jantar , mas olhando para o cego no
ponto, pois diante dele só existia escuridão. Num movimento do bonde, as
compras de Ana caíram no chão, quebrando os ovos e provocando risadas dos
passageiros, que recolheram suas compras. O bonde continuou viagem e o cego
desapareceu . Ana viu as pessoas parecendo perdidas e se agarrou ao banco do
bonde e uma crise de existência instalou-se nela, fazendo com que ela perdesse
o ponto para descer, indo parar no Jardim Botânico, onde resolveu ficar observando
aquele lugar: as plantas, a terra, o
vento os animais.
De repente Ana se lembrou da família e da hora do jantar,
então se refez e voltou para casa. Mesmo com poucos ovos, o jantar foi bom.
Ana tinha outro sentimento, parecia que ela agora amava
mais a família, pois viu as dificuldades que o cego enfrentava e mesmo assim
continuava agindo naturalmente .
Após o jantar, ela ouviu um
estouro vindo do fogão e logo se
preocupou . Seu marido explicou que
era o café derramado que fez o barulho. Então, ela olhou para ele e viu seu rosto cansado
e com olheiras. Foi quando começou a
perceber a verdadeira felicidade que
tinha conquistado através do marido e dos filhos .
Ao deitar-se , o marido
segurou sua mão, esse gesto parecia natural. Agora ela não tinha mais dúvida
sobre sua vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço-lhe pelo comentário.